Читать онлайн книгу "O Metro Do Amor Tóxico — Romance"
O Metro Do Amor TГіxico - Romance
Guido Pagliarino
Copyright В© 2019 Guido Pagliarino
All rights reserved
Book published by Tektime
Tektime S.r.l.s. - Via Armando Fioretti, 17 - 05030 Montefranco (TR) – Italy
Guido Pagliarino
O Metro Do Amor Toxico
Romance
(Tradução da terceira revisão italiana transformada pelo autor)
Com apendice do conto, sobre as mesmas personagens,
O Defunto D’Aiazzo
Tradução de italiano para português de Aderito Francisco Huo
В© Copyright 2019 Guido Pagliarino
Obra distribuida pela Tektime
Edição desta obra em lГngua italioana:
1a Edição, com o tГtulo “Il Poeta e il Committente, romance”, livro cartГЈo, В© Copyright Boopen Editore, fora de catalogo do ano 2014; do mesmo ano il В© Copyright voltou ao Guido Pagliarino
2a Edição, revista e modificada, publicada apenas em ebook de todos os formatos com o tГtulo “Il metro dell’amore tossico (Il Poeta e il Committente), romanzo”, В© Copyright 2015 Guido Pagliarino, Smashwords Edition
3a Edição, conforme Г segunda, publicada em e-book de todos os formatos e em livro cartГЈo com o tГtulo “Il Metro dell'Amore Tossico, romanzo - Il Fu D’Aiazzo, racconto”, Tektime Editore, В© Copyright 2017 Guido Pagliarino
As personagens, os aconteciemntos, os nomes das pessoas entidades e firmas e as suas sedes mencionados no romance e no conto sГЈo imaginГЎrios, eventuais referГЄncias Г realidade passada e presente sГЈo casuais e absolutamente involutГЎrios.
ГЌndice
O Metro do Amor TГіxico - Romance (#ulink_414916b5-e96d-56be-a8be-6b81acbc44ca)
I CapГtulo (#ulink_8073d1f1-40e1-5724-9cba-9ec5018e10a0)
II CapГtulo (#ulink_2810b6ca-8a9b-524d-9dc7-1c49ba95f772)
III CapГtulo (#ulink_346f48e0-ac7b-5dcd-9405-3d579802d298)
IV CapГtulo (#ulink_28714122-860c-5c73-9d0a-0174a8b9e07e)
V CapГtulo (#ulink_d510c2f5-69b1-55a7-8a8f-3a8289c45c18)
VI CapГtulo (#ulink_e387e74e-b985-5620-9528-894e0017e3ac)
VII CapГtulo (#ulink_c1797462-3beb-5d62-9f13-bb8c95f828dc)
VIII CapГtulo (#ulink_323f10a0-3d12-5c8b-9129-1783cbddce60)
IX Cap Гtulo
X Cap Гtulo
XI Cap Гtulo
XII Cap Гtulo
XIII Cap Гtulo
XIV Cap Гtulo
XV Cap Гtulo
XVI Cap Гtulo
XVII Cap Гtulo
XVIII Cap Гtulo
XIX Cap Гtulo
XX Cap Гtulo
XXI Cap Гtulo
XXII Cap Гtulo
XXIII Cap Гtulo
XXIV CapГtulo
XXV CapГtulo
O Defunto D’Aiazzo - Conto
Guido Pagliarino (#ulink_4f7e5a0e-d06d-5e57-9a93-b622d1d21b3c)
O Metro do Amor TГіxico (#ulink_4f7e5a0e-d06d-5e57-9a93-b622d1d21b3c)
Romance (#ulink_4f7e5a0e-d06d-5e57-9a93-b622d1d21b3c)
(В© 1992 - 2019) (#ulink_4f7e5a0e-d06d-5e57-9a93-b622d1d21b3c)
I CapГtulo (#ulink_4f7e5a0e-d06d-5e57-9a93-b622d1d21b3c)
Era 1 de Julho de 1969, uma terГ§a-feira regressando no fim da tarde, tinha retirado um envelope grande no marco do correio. No momento tinha apenas observado que chegara via aГ©rea duma desconhecida Alfio Valente Cultural Foundation – New York. NГЈo tinha dado a devida importГўncia Г quele maГ§o, sem pressa tinha subido em casa, um modesto apartamento no Гєltimo andar dum velho prГ©dio do centro histГіrico, pusera-me em liberdade e, finalmente, sentado na escrivaninha do quartinho que servia-me de escritГіrio, tinha aberto o envelope. Tivera uma exaltante surpresa. Tinham-me atribuГdo o Brooklyn Alfio Valente Poetry Award pela minha obra poГ©tica traduzida e publicada nos Estados Unidos: um premio em dinheiro, nada menos de 5.000 dГіlares, um montante chorudo naqueles tempos; as despesas de estadia estavam pagas. Aqueles senhores americanos deviam nutrir grande confianГ§a nos serviГ§os dos correios, visto que nГЈo tinham-me advertido por registo internacional. Pediam-me, a assinatura do presidente Albert Valente, que tinha imaginado parente e teria sabido do filho defunto titular da Fundação, para confirmar telefonicamente a aceitação do premio e a minha presenГ§a Г cerimonia da entrega. Tinha considerado, depois de ter dado uma olhadela no relГіgio e ter subtraГdo 6 horas Г s 17 e 38 minutos que marcava, que por causa da diferenГ§a do fuso horГЎrio em New York ainda era manhГЈ. Tinha ligado para a central telefГіnica da Гєnica sociedade telefГіnica italiana daqueles tempos, a SIP, para que me conectassem Г fundação: quanto Г celeridade de chamadas internacionais, eram tempos de mamute, o utente devia recorrer a uma das telefonistas SIP e esperar que ela, depois de tantos minutos de espera como mГnimo, no fim o conectasse com o distante numero graГ§as a um circuito de comunicação operado a mГЈo. Tinha pegado de novo e, esperando que o aparelho tocasse para advertir que estava em linha, tinha-me cozido ao fogo lento pela ideia do inesperado ganho que estava para chegar, realmente providencial porque a arte poГ©tica, como na sua natureza, nГЈo me rendia quase nada e vivia graГ§as Г s contГnuas colaborações num diГЎrio de Torino, La Gazzetta del Popolo, e Г incerta posição de tradutor e editor duma casa editora, retribuГdo por empreitada por cada l4ivro. Pela verdade tinha tambГ©m redigido um romance, potencialmente muito mais comercial que as obras em versos, e tinha atГ© conseguido publicГЎ-lo com a mesma casa editora de Torino pelo qual trabalhava, nГЈo sem o desgaste de umas tantas aproximações ao Khan dos Khan, como ousamos chamar entre nГіs o altivo e Г s vezes caprichoso proprietГЎrio: tinha tido muitos elogios da crГtica, que nГЈo tinham enchido a minha carteira, e nenhum sucesso mercantil, tratando-se de “uma obra de prosa poГ©tica mais que dum romance narrado” como editor, jГЎ hesitante em publicГЎ-lo, tinha-me enfim comunicado, frisando o tom sobre a Гєltima palavra. Г‰ bom que eu antecipe alem de mais, nГЈo apenas tratando-se dum caso ligado Г minha misГ©ria condição econГіmica daqueles tempos mas porque, como veremos, se teria revelado dramГЎtico para mim e atГ© fatal para muitos cidadГЈos dos Estados Unidos e da ItГЎlia, que seis meses antes de receber o premio Brooklyn Alfio Valente, ao desejar mais dinheiro teria colhido a improvisa ocasiГЈo a mim oferecida por um poderoso para compor-lhe e vender-lhe, por uma relevante soma, uma vintena de sonetos em honra da sua querida, poesias que ele tinha a declarada intenção de fazer passar por fruto do seu talento com a namorada. Digo sem hesitação, sinto ainda hoje amargura por ter vendido a minha arte e, por um conjunto de circunstГўncias derivadas, atГ© dignidade e liberdade, ainda que, como melhor narrarei no seu devido tempo, teria sido punido moralmente e fisicamente.
Enquanto esperava de ser posto em comunicação com a fundação, a alegria tinha-me reduzido imediatamente: lendo de novo com mais atenção a carta, tinha notado que a data da entrega dos prГ©mios estava prГіxima, nem sequer uma vintena de dias, e tinha verificado logo depois que o meu passaporte tinha inspirado validade. Um arrepio longo na coluna, textualmente, depois um acesso de ira: porquГЄ tinham-me avisado no Гєltimo momento? ! Dirigido portanto uma olhadela Г data da expedição no envelope, tinha percebido que a fundação nГЈo era a culpada pelo atraso, a carta tinha partido a partir de New York hГЎ mais de duas semanas. Eh, sim, mas pelo menos de nГЈo ter enviado como carta com valor declarado isso sim, culpado, tinha-as de todas as formas lanГ§ado idealmente; e logo depois estava possuГdo com o incГіgnito descuidado – dos correios? Dum aeroporto? – Cujo devia a sucessiva complicação; para terminar tinha-me questionado se poderia obter a tempo a renovação do passaporte no comando da polГcia, apesar de tudo, e, considerado que os prudentes Estados Unidos tinham-me exigido tambГ©m um visto consular preventivo, tinham-me respondido: quase precisamente nГЈo; mas eis que tinha-me fulgurado uma esperanГ§a: … mas sim, pedirei ajuda ao Vittorio!
Comandante adjunto da polГcia, Vittorio DВґAiazzo servia no comando policial de Torino, onde mesmo eu tinha operado Г s suas ordens antes de demitir-se poucos anos antes. Era um queridГssimo amigo, ou melhor o Гєnico que poderia ter; e sabia dele que eu mesmo, ambos de alma reservada, era o Гєnico verdadeiro amigo seu.
Imagina um pouco, tinha-me cada vez mais confortado, se, vista a importГўncia da coisa, nГЈo se prodigalizarГЎ!
Certo, mas como alguma vez um indivГduo tranquilo como eu, antes longe disso que levado a um ofГcio armado, tinha entrado na polГcia? Uma pessoa que tinha-se dedicado Г arte mГ©trica e a frequentГssimas leituras desde as medias, inspirada pelas traduções de Iliade del Monti e da Odisseia de Pindemonte – medias - ginnasio daqueles tempos -, um homem desejoso de alcanГ§ar a licenciatura em letras? Muito em breve dito: o clima familiar dos anos ᶦ40 do passado sГ©culo era bem diferente daquele actual, era imprescindГvel pois para um rapazito o respeito da vontade de pai e mГЈe, e os meus pais nГЈo tinham-me absolutamente permitido de seguir aos ambicionados estudos clГЎssicos e, com o seu sacrifГcio grande e enorme incompreensГЈo, tinham-me encaminhado ao liceu secção de ciГЄncias, ilusГЈo de fazer-me engenheiro e dedicar-me na mesma indГєstria automobilГstica da cidade onde trabalhavam eles mesmos como operГЎrios. Eu odiava a matemГЎtica e disciplinas cientГficas e tinha negligenciado aqueles estudos, tanto atГ© para repetir o primeiro e o terceiro ano. Quase com os seus dezanove pois, lГЎ para o meio daquele mesmo terceiro ano repetido, era 1952, nГЈo desejando sobrecarregar alem dos seus pais que estavam sacrificando-se inutilmente, tinha abandonado a escola e tinha entrado na Policia de SeguranГ§a Publica, como se chamava naquela altura a policia, desempenhando antes o serviГ§o militar e depois ingressando no quadro permanente. SГі muitos anos depois, expulsando o medo de ficar sem dinheiro tinha-me finalmente demitido, nГЈo deduzido o facto de ter que ganhar o grau e o melhor salГЎrio de vice brigadeiro. Permanecia aquela, efectivamente uma actividade que, com o seu perigo e os seus desordenados horГЎrios, estorvava a minha paixГЈo pelas letras. Tinha sido movido de ter tido um discreto sucesso. Desde Dezembro de ᶦ57 tinha publicado o meu primeiro livro de lГricas junto duma grande editora – revelarei depois o mistГ©rio dum acontecimento tГЈo improvГЎvel – com sucesso da critica e a atribuição Г antologia do celebre premio Versilia, secção estreia, graГ§as a qual tinham-se vendido nada menos que trezentos e vinte e cinco copias; coisa muito importante, seguidamente ao premio tinha obtido, como jornalista publicista, colaborações literГЎrias na Gazzetta del Popolo (jornal do povo) de Turim e a um par de notas semanais, com o crescimento da minha notoriedade. As minhas demissГµes tinham-me trazido posteriores frutos. GraГ§as ao repleto tempo e as minhas frequentes colaborações, tinham sido publicados um poema e outras duas antologias de versos, estas compostas no decurso dos anos precedentes, Г quele depois da minha demissГЈo, e os meus versos tinham sido traduzidos em inglГЄs e francГЄs e publicados nos paГses europeus anglГіfonos e francГіfonos, nos Estados Unidos e em Canada. Sem largar o serviГ§o, a vida de Ranieri Velli, a minha vida, provavelmente teria continuado a desenrolar duma Г outra investigação sob as ordens do amigo, naquele tempo comissГЎrio, Vittorio D’Aiazzo, com poucas pausas de alegria literГЎria, e nГЈo teria alcanГ§ado a verdadeira fama; pelo contrГЎrio contudo, nГЈo me teria encontrado nos Гєltimos meses de ᶦ69, como veremos, entre os tristes protagonistas dum caso criminal internacional, pelo qual a ItГЎlia teria arriscado de cair, ainda uma vez, sob um regime ditatorial.
Tinha tocado o meu telefone. Era a comunicação com New York. Conhecia bem a lГngua inglesa, graГ§as nГЈo sГі Г escola mas a um curso intensivo de aprendizagem em Londres, muito cheio de termos judiciГЎrios, cujo tinha sido encaminhado pelo Vittorio num intercambio com oficiais inferiores de Scotland Yard. NГЈo tinha tido nenhuma dificuldade em deixar-me compreender pela interlocutora americana: tinha pedido para falar com o senhor Valente explicando o motivo da chamada; nГЈo estava na sede e tinha-me passado a uma dirigente, lhe tinha confirmado a aceitação do premio e a minha presenГ§a Г cerimonia da entrega dos prГ©mios; e pelo menos esta tinha sido feita.
Agora a questГЈo de fundo, o passaporte.
II (#ulink_4f7e5a0e-d06d-5e57-9a93-b622d1d21b3c)C (#ulink_4f7e5a0e-d06d-5e57-9a93-b622d1d21b3c)apГtulo (#ulink_4f7e5a0e-d06d-5e57-9a93-b622d1d21b3c)
“Oh amicГssimo! Come Г© que vai a tua investigação sobre a poesia?” tinha-me saudado expansivo o doutor D’Aiazzo no seu forte sotaque napolitano, depois que tinha conseguido tГЄ-lo em linha a partir da central telefГіnica do comando policial.
“O premio chegou e poeta exige” tinha respondido com um improvisado hendecassГlabo engraГ§ado; e tinha precisado: “venci um premio importante em New York.” Em tom comparticipante tinha-se felicitado, pois, intercalando alguma palavra no seu dialecto como Г s vezes fazia, e interpelando-me com o diminutivo que ele mesmo tinha a seu tempo inventado, tinha-me questionado: “va bbuo’
, Ran, felicitações a parte, o que precisa o´ poeta?
”
“Seria pela data da entrega do premio que está próxima e pelo meu passaporte expirado.”
“Não há problema. Deixa-mo ter aqui com os selos e as fotos e mando preparar rapidamente, que não é por nada em italiano faz quase rima com o meu apelido D’Aiazzo, acentos a parte. Ou melhor não, faz assim: na hora do jantar traga tudo na minha casa, as 20 horas! E assim comer um prato dum bom esparguete e dois pedaços de carne.”
“Óptimo, obrigado.”
Justamente naquela noite tinha sofrido a primeira agressГЈo. Tinha pensado num assalto dum marginal e sГі a uma segunda tentativa de querer acabar comigo, nГЈo muitos dias antes do voo para New York, teria percebido que alguГ©m me queria ver morto:
Saindo de casa para dirigir-me ao jantar em casa do amigo, antes que pudesse fechar Г chave a porta apareceu Г minha frente um homem, a uma distГўncia de quatro metros em relação a mim no patamar, rosto escondido por um passa-montanha e luvas nas Dum aeroporto? – Cujo devia a sucessiva complicação; para terminar tinha-me questionado se poderiamГЈos, que tinha-se atirado imediatamente contra mim com uma navalha aberta no punho e tinha tentado de assestar-me um golpe na garganta. O golpe nГЈo tinha-me atingido porque eu, com um movimento de artes marciais que aprendera na polГcia de seguranГ§a pГєblica, tinha bloqueado no meio o arco da lГўmina e desarmado o braГ§o criminoso deixado cair a navalha no chГЈo; logo depois, tinha pisado muito bem o agressor na cabeГ§a, na cara e no tronco e tinha-o deixado escapar pelas escadas: era jovem naqueles tempos, ГЎgil e atlГ©tico e, coisa nГЈo insignificante, muito alto, 1 metro e 90, enquanto aquele indivГduo era de mГ©dia estatura, por isso, mirando a garganta, tinha atingido de baixo para cima com nГЈo plena forГ§a. NГЈo tinha julgado prudente segui-lo. Tinha recolhido e posto no bolso a navalha para levГЎ-la a Vittorio, trancada a porta de casa e descera pelas escadas cauteloso evitando o elevador.
Como tinha pois esperado, do indivГduo nenhuma pista.
Tinha contado bruscamente ao amigo a minha desgraça, portanto lhe tinha entregado a lamina do agressor.
Tinha comentado: “sГЈo cada vez mais comuns os assaltos iniciados a partir do exterior, talvez quisera bater a porta e depois entrar sob ameaГ§a daquela navalha para derrubar-te, mas foi surpreendido pela tua imprevista saГda no patamar e, temendo que tu fizesse barulho, perdeu a cabeГ§a e atirou-se contra ti, procurando fazer-te calar para sempre cortando a tua garganta. Porque inimigos mortais, tu nГЈo os tem, nГЈo Г©?”
“Não acredito mesmo.”
“Portanto deveria ter sido uma tentativa de assalto. Disseste que tinha luvas, por isso na da de impressões digitais se não as tuas. Mascarado, entretanto nenhum detalhe do rosto, a parte os olhos descobertos: observaste a forma e a cor? E diga-me: era alto, baixo, magro, gordo? Navalha no punho direito ou esquerdo? E disse para ti alguma coisa?”
“Não, nem sequer uma palavra, navalha na direita, os olhos não os notei no frenesim da defesa, era alto em cima de um metro e setenta e cinco, magro mas tinha os ombros largos e é certamente de bom aspecto e forte porque fugiu rapidamente pelas escadas ainda que o tinha enchido de pontapés.”
“Já é alguma coisinha, mas dificilmente o encontraremos, imagino que não seja muito parvo para deixar-se tratar no hospital, de todas as formas depois da tua denúncia poderemos investigar os postos de socorro; muito inteligente pois não deve ser, porque se não, não te teria assentado logo um golpe com o risco de acabar dentro por uma questão de sangue, te teria apenas ameaçado a uma certa distância mandando-te para voltar a entrar em silêncio ou simplesmente, teria escapado sem ter feito nada.”
“Hm… sim.”
“Ran, amanhГЈ de manhГЈ venha no comando policial para a denГєncia; mas tu percebes que serГЎ um pouco difГcil que o encontremos, chillo cattamГ ro
.”
Visto que nada me tinha sido roubado, tinha decidido de interromper.
III (#ulink_4f7e5a0e-d06d-5e57-9a93-b622d1d21b3c)C (#ulink_4f7e5a0e-d06d-5e57-9a93-b622d1d21b3c)apГtulo (#ulink_4f7e5a0e-d06d-5e57-9a93-b622d1d21b3c)
A amizade com Vittorio D’Aiazzo nascera em Genova, ele comissГЎrio no comando policial e meu superior directo, eu como agente e depois seu assistente segundo sargento promovido por mГ©rito, tendo salvado a vida dum poderoso ministro, o honrado professor Nuto Marradi: num dia do princГpio de Fevereiro de 1957, eu, Vittorio, e dois dos meus colegas tГnhamos sido delegados para proteger o homem polГtico, a partir do momento do seu desembarque no aeroporto da cidade de Lanterna, lГЎ para as 10 da manhГЈ, no seu voo de regresso Г tarde. Um certo aristide Maria Barani, indisciplinado jГЎ como funcionГЎrio ministerial e depois anarco - individualista clandestinamente, tinha tido a infeliz ideia de matГЎ-lo precisamente naquela ocasiГЈo; sei lГЎ e por quem tivesse tido a noticia.
NГіs tГnhamos ficado Г espera de Marradi na zona do aeroporto onde, como programado, o aviГЈo DC3 Alitalia sobre o qual tinha embarcado teria paralisado os motores, e tГnhamos prontamente aproximado ao aviГЈo quando tinha sido aberto a portinhola de desembarque.
Enquanto o comandante tinha pedido aos outros passageiros para permanecer aos seus lugares atГ© ao novo convite, o ministro tinha descido com os dois agentes da sua escolta pessoal. A este ponto o terrorista solitГЎrio, disfarГ§ado por um fato-macaco de servente, tinha aparecido correndo por detrГЎs dum tractor para reboque das bagagens na mГЈo com a soviГ©tica Tokarev TT-33 calibre 7,62, pistola pouco precisa mas precisamente fiГЎvel quanto aos eventuais encravamentos, e lhe tinha lanГ§ado contra Г garibaldina gritando para ele: “porco ladrГЈo patife!” nГЈo estando ainda prГіximo do alvo, lhe tinha disparado uma primeira bala, para o ar. Eu estando de retaguarda no nosso grupinho e o mais prГіximo do atirador – lembro sempre a sequencia como se tivesse sido um sonho – com um tiro da minha pistola Beretta de ordenanГ§a M34 calibre 9, tambГ©m ela imprecisa, por isso certamente tinha contribuГdo bastante por sorte, tinha ferido o homem numa perna partindo-lha e deixando-o desmoronar no chГЈo; depois rapidamente, com um pontapГ©, tinha-o desarmado. Vittorio, ao contrГЎrio de mim, estava no comando da nossa equipa e o mais prГіximo do ministro, a parte a sua escolta pessoal, onde sem a minha intervenção teria sido nГЈo improvavelmente atingido por um dos sucessivos tiros do anГЎrquico.
O confuso Aristide Maria Barani não teria sido condenado à máxima pena, não obstante o atentado massacre, tendo sido julgado momentaneamente atingido por uma enfermidade parcial da mente no momento de cometer o facto, uma vez que, durante o internamento no hospital pela ferida, tinha resultado sobre as sequelas duma bebedeira: devia ter bebido para encorajar-se e precisamente o álcool devia tê-lo levado a agir sem vantagem; pois tinha fracassado não com o meu grande mérito. De todas as formas, um mês depois tinha chegado a partir de Roma a minha promoção a primeiro-sargento, por directa intervenção de Marradi, como teria corrido a palavra no escritório pessoal do comando policial.
Г‰ escusado que tenha sido bastante grato Г quele ministro revelando-se capaz de actos reconhecidos. Todavia o terrorista nГЈo tinha falhado juГzo sobre ele, o homem tinha pois realmente desvendado um “ladrГЈo patife”: em 1967, tinha estado envolvido num escГўndalo clamoroso, segundo o jornal L’unita e outra imprensa social comunista em seguimento a manobras secretas de ambientes econГіmicos arruinadas por certas suas polГticas. A mesma forГ§a da oposição tinha mesmo aventado que ele pudesse ter tramado mais vezes anteriormente, sendo um secretГЎrio do estado de longo curso que tinha participado, como cabeГ§a dos mais diferentes ministГ©rios, em quase todos os governos das Republica, desde aqueles do centro dos anos К№50, atГ© ao gabinete do centro-direita de 1960 apoiada a partir do exterior pelos neo-fascistas, atГ© alguns do centro sucessivos e, atГ© frequentar a partir de К№63 Г queles de centro-esquerda. Certamente Г© que ele tinha-se tornado cada vez mais poderoso ao decorrer dos anos. Pelo menos pelas Гєltimas asneiras, depois que a imprensa as tinha descobertas e denunciadas Г opiniГЈo pГєblica, tinha sido posto em estado de imputação pelo parlamento reunido em sessГЈo comum na base do artigo 96 da constituição, relativo aos delitos cometidos por membros do governo: ele apenas, ainda que a oposição tinha manifestado a suspeita que os culpados tivessem sido muitos e “todos da ГЎrea governativa”. Antes que a cГўmara e o senado tivessem concedido a autorização para proceder Г magistratura, o Marradi tinha tentado fugir para o exterior mas, na tentativa, tinha morrido num acidente aГ©reo, e isto tinha alimentado a grave suspeita que tivesse sido por cГєmplices para que fechasse a boca para sempre.
Em 1968 a Itália da hegemonia democrata-cristão e depois democrata-cristão e socialista tinha começado a ser gravemente contestada, tinham começado greves em cadeia e tinha surgido o chamado movimento estudantil: para todos os manifestantes os governos de centro-esquerda eram para considerar-se nada mais que escravos dos patrões, quanto aos partidos de centro-direita, liberais inclusos, todos simplesmente fascistas. A contestação teria activado uma formidável mudança nos costumes da população, que desde então tinham permanecido em substancia aqueles das décadas precedentes baseados nos valores fortes da moralidade cristã até, pelo menos de fundo, para os ateus declarados.
Estava no tal circuito que se preparava a aventura que estava para enfrentar ladeado pelo amigo Vittorio, durante a qual teria aferido, entre outros, tambГ©m o nome do defunto ministro Nuto Marradi.
IV (#ulink_4f7e5a0e-d06d-5e57-9a93-b622d1d21b3c)C (#ulink_4f7e5a0e-d06d-5e57-9a93-b622d1d21b3c)apГtulo (#ulink_4f7e5a0e-d06d-5e57-9a93-b622d1d21b3c)
O D’Aiazzo era um homem dos seus cinquenta anos robusto mas nГЈo alto, em torno de um metro e sessenta e cinco. Arvorava uma cabeleira morena e encaracolado ainda espesso mas que, em 1969, comeГ§ava a cair Г calvГcie no topo da cabeГ§a, configurando um princГpio de coroa. Talvez para contrabalanГ§ar, hГЎ algum tempo tinha deixado crescer a barba. Era um herГіi da resistГЄncia anti-nazista, o meu amigo Vittorio: em 1943, muito jovem comandante adjunto, tinha sido um dos combatentes durante a primeira insurreição ante alemГЈ da Europa, os chamados quatro dias de Napoli
, onde a sua cidade tinha-se libertado sozinha das ocupações alemГЈs, durante as quais vieram muitos mais polГcias do comando policial napolitano, entre os quais o assistente directo naquele tempo do D’Aiazzo, um certo primeiro-sargento Marino Bordin, de que ele falava com admiração. NГЈo obstante a alegria externa, Vittorio era uma pessoa fundamentalmente triste. Poucos meses depois a tentativa do assassГnio do Marradi meu amigo, que tinha casado em Maio do ano anterior com uma mulher muito jovem, uma dos seus dezoito anos filha dum colega, conhecida no baile anual das debutantes, ficara vГtima dum grave dissabor conjugal. Tinha contido dentro a sua dor durante muito tempo atГ© que, um dia da primavera de 1958 em que devia ter-se sentido particularmente desconfortado porque calhava com o segundo aniversГЎrio do seu casamento, tinha-se confidenciado comigo, “com o meu poeta e amigo preferido”: tinha acontecido um ano antes que a sua jovem mulher tivesse conhecido um rico importante americano, que estava em Genova para os seus negГіcios, e que tivesse fugido com ele para New York, obtendo na AmГ©rica a dissolução do casamento e casando uma outra vez pouco depois com o amante, como tinha sido comunicado a Vittorio por via epistolar pelo advogado do casal, incumbido por ela. Na ItГЎlia nГЈo havia ainda o divГіrcio por isso Vittorio tinha permanecido casado com a “traidora”; mas uma vez o amigo dissera-me, enfim prestamos ambos serviГ§o em Torino, que se mesmo tivesse havido o divГіrcio, como catГіlico praticante – tinha pronunciado num tom solene a ultima palavra – nГЈo teria a vontade de pedi-lo. “Mas”, tinha acrescentado, “infelizmente” ele tinha “vocação ao casal”. Em suma, nГЈo obstante o seu conclamado catolicismo, nГЈo tinha conseguido durante muito tempo ficar sozinho, como tinha logo percebido.
Naquela noite ao jantar na sua casa, um apartamento na avenida Cernaia em frente da caserna dos policias homГіnima e nГЈo distante do comando policial da avenida Vinzaglio, nos tinha servido e, jГЎ como habito, entre um prato e outro tinha sentado connosco na mesa uma loira com aproximadamente vinte e nove anos, Carmen, formosita simpГЎtica e bonitona ainda que iletrada e de nГЈo ampla mente, que sabia exercitar para o amigo, alГ©m das funções de governante, mais intimas funções. Enfim no longГnquo 1959, na ocasiГЈo do primeiro convite para o jantar de Vittorio depois da nossa transferГЄncia de Genova para Torino, ele tinha-ma apresentado na Гєnica primeira aparГЄncia e ela, para aquela vez nГЈo tinha sentado connosco; mas pela atitude confidencial que de todas as formas mostrava, tinha suspeitado. “A guagliona
, é do meu Napoli”, tinha-se revelado já aquela vez o amigo, embora com um certo embaraço, no momento em que Carmen estava na cozinha a preparar o café: “é uma órfã sem ʹna
lira que me mandaram papГЎ e mammГ
como governanta domestica: talvez jГЎ te disseram quando chegara” – tinha anuГdo - : “francamente, estava farto de pizzarias; e mesmo de estar… sozinho. Ela tem dezanove anos… hm… como a minha mulher quando me deixou. Eu tenho jГЎ quarenta. Contudo, sabes como Г©, assim aconteceu, que um pouco depois enfim… pois, percebeste. O problema é… que Г© ainda menor de idade
; por isso guarda para ti a sua idade”: não pudera conter um sorriso desajeitado; depois: “está bem, eu sei que estou a fazer mal, que como católico deveria fazer o casto e mesmo que esteja talvez aproveitando um pouco demasiado desta guagliona, embora ela parece-me bastante contente do meu afecto e mesmo do meu… bem, percebeste em que me refiro. Não sei, espero que de todas as maneiras o senhor tenha compaixão e perdoe-me.”
“Imagino”, tinha feito eco mecanicamente, sem ter-me dado conta de ter alimentado as suas dúvidas, sobre as quais se teria atormentado durante anos. Enfim as teria manifestado, na ocasião dum penoso acontecimento de que direi mais adiante. Tinha acrescentado: “certo, para vocês católicos é uma vida repleta de problemas, para mim já existe tantos assim outros na vida que, pelo menos aqueles religiosos, os têm sempre omitidos.”
“Não és crente justamente por nada?” tinha-me interrogado seriamente.
“Mas uma vez era totalmente ateu. Não sei… agora”, respondera hesitante: “às vezes… mas definitivamente, creio naquilo que vejo; e na poesia.”
“… E quem te manda a poesia?” tinha-me acossado, “a musa… como se chamava antes? Ah, sim, Calliope.”
“Errado, visto que escrevo poesia lГrica: Calliope era musa da epopeia.”
“… e va bbuo′
, a musa em geral, não subutilizamos, guaglio′
, não, era apenas para te dizer que a poesia é como a amizade; aquela verdadeira, digo: vem de Deus. Ou melhor, é um dos sinais da amizade divina.”
Não se tinha mais falado durante dez anos daquela relação Deus - poesia até ao último convite quando, no meio do jantar, Vittorio tinha-me dito: “sabes? O premio literário chega a ti vindo do céu; como a tua poesia. Lembras-te que te disse há muitos anos? É Deus a verdadeira e única musa.”
“Também para aqueles como eu?”
“Percebe-se! Se não puros de coração, porem; e diga-me, tu sabes por que os versos não dão dinheiro?”
“Sei que diriam os soldados de monsieur de La Palice
: �porque têm poucos leitores’.”
“Uh, e chista ′ccГ
existe para esse ′na
resposta?! NГЈo, nГЈo os dГЈo porque sГЈo coisas do espГrito santo; e digo-te concretamente que a boa poesia nasce dos poetas que tГЄm o espГrito: tu serГЎs tambГ©m um republicano histГіrico, um nГЈo crente, mas Г©s idealista.”
Ora bem, ficara durante um momento interdito: pela venda dos vinte sonetos Г quele poderoso seis meses antes, efectivamente, nГЈo tinha escrito mais nem sequer um verso.
… Mas nГЈo, tinha concluГdo em mim mesmo aquela vez, mero acaso!
V (#ulink_4f7e5a0e-d06d-5e57-9a93-b622d1d21b3c)C (#ulink_4f7e5a0e-d06d-5e57-9a93-b622d1d21b3c)apГtulo (#ulink_4f7e5a0e-d06d-5e57-9a93-b622d1d21b3c)
Bom para mim que, diferentemente do amigo, tivesse ficado magro e ágil como um tempo e que sentisse no corpo a mesma força de como tinha sido menininho, caso contrário naquele dia não me teria desenrascado.
Faltavam apenas mais dois dias para a minha partida para New York. Na primeira tarde tinha saГdo para dirigir-me Г Gazetta del popolo (jornal do povo) para lavrar um artigo para a terceira pГЎgina. Naqueles tempos sem internet, enquanto para as revistas podia-se usar o correio, para os jornais diГЎrios, por causa dos mais bons rГЎpidos tempos de publicação, era preciso dirigir-se fisicamente Г sede; apenas os correspondentes no exterior tinham o privilГ©gio de ditar o artigo telefonicamente e de vez em quando os cronistas, se a noticia fosse urgente; eu e os outros publicistas devГamos entregar fisicamente o artigo escrito em casa, ou entГЈo lavrГЎ-lo directamente na sede; habitualmente eu escrevia na redacção. Tinha anteriormente colaborado, sempre como externo pago por cada artigo, num dos mais importantes jornais italianos, ligure mas com uma edição de Torino, de propriedade do financeiro Angelo Tartaglia Fioretti, chefe dum colossal grupo econГіmico; mas depois que, contando sobre a minha posição de independente publicista, sem avisar ninguГ©m tinha comeГ§ado a colaborar tambГ©m com um outro jornal, diГЎrio adversГЎrio das concentrações econГіmicas e favorГЎveis a uma economia social, o jornal de Tartaglia Fioretti nГЈo imprimira mais os meus escritos. Para o meu porquГЄ? A resposta tinha sido exuberГўncia de custos. NГЈo tinham-me dito tГЈo-pouco: cabe a ti escolher. Tinham-me simplesmente rejeitado, como se eu tivesse sido um cavalo deles improvisamente caprichoso que, sem necessidade de desculpas, nГЈo se monta mais. Tinha-me agastado, muito mais reflectindo que tinha sido justamente o Tartaglia Fioretti a comprar-me, hГЎ alguns meses, aquelas vinte poesias para passar como suas com a amante. Tinha finalmente percebido que, tambГ©m naquela ocasiГЈo, tinha sido tratado como uma coisa que se pode adquirir e deitar quando se quiser.
O trajecto nГЈo era longo a partir da minha casa na rua Giulio, um bocadinho da mesma, rua da Consolata, rua do Carmine e poucos metros da avenida onde o jornal tinha como sede; mas naquele dia, na esquina entre a mesma e a rua de Carmine, jГЎ muitГssimo perto Г meta, enquanto atravessava sobre o verde, uma furgoneta estacionada tinha arrancado velozmente dirigindo-se directamente para mim. Com um mergulho tinha-a evitado, justamente apenas, minimizando os danos Г s mГЈos esfoladas; e enquanto o meio fugia, tinha conseguido tirar a matrГcula.
Depois de ter escrito a minha nota no jornal um pouco sob shock e pensando a quem pudesse ter por inimigo, tinha-me precipitado para o comando policial ao encontro de Vittorio. Como tinha pensado, a furgoneta tinha sido roubado. Na minha denúncia o amigo tinha anotado mesmo a agressão precedente, que enfim não se podia mais julgar com segurança para roubar. Podia ter sido o mesmo agressor da outra vez tentando matar-me? Depois de ter recuperado dos fortes golpes que lhe tinha desferido?
Infelizmente nГЈo pudera ver o protagonista no volante.
“Não tens nenhum suspeito, quem sabe, um grosseiro?” tinha-me questionado o D’Aiazzo.
“Não, dou-me bem com todos.”
“É verdade, certo: poderia ser uma vinganГ§a de alguГ©m que tГnhamos mandado para a prisГЈo; mas de quem? Com todas as investigações feitas juntos e toda a gente que tГnhamos metido na jaula… sei lГЎ! Seja como for… talvez serГЎ melhor que tenha cuidado eu tambГ©m.”
A partir daquele momento tinha sido bastante cauteloso e, atГ© Г minha chegada nos Estados Unidos, nada mais de mal tinha-me acontecido.
VI (#ulink_4f7e5a0e-d06d-5e57-9a93-b622d1d21b3c)C (#ulink_4f7e5a0e-d06d-5e57-9a93-b622d1d21b3c)apГtulo (#ulink_4f7e5a0e-d06d-5e57-9a93-b622d1d21b3c)
Eram 9 da manhГЈ, hora de New York.
No aeroporto tinha-se passado um controlo alfandegГЎrio tГЈo minucioso que talvez era segundo apenas para certas inspecções carcerГЎrias. Tinham revistado atГ© no tubo da pasta dentГfrica e no frasco de loção para a barba, tomando amostras que, certamente, teriam analisado. Teria esperado, na verdade um exame cuidado, embora nГЈo tanto.
Efectivamente, como atГ© os nossos meios de informação tinham referenciado, dois meses antes nalguns bairros de New York a ГЎgua potГЎvel tinha jorrado das torneiras juntamente com uma estranha5 substancia inadvertida ao gosto, incolor e inodoro, depositada por desconhecidos num dos aquedutos em quantidades proporcionalmente minГєsculas, mas tГЈo poderosas para induzir todas as pessoas que a tinham bebido durante pelo menos uma dezena de dias Г condição irreversГvel de toxicodependentes ГЎvidos de heroГna. Nas semanas sucessivas tinha acontecido a mesma coisa em San Francisco e em philadelphia. Simultaneamente, os meios de comunicação social tinham estado Г s escutas e revelado que a Policia Federal tinham sabido, atravГ©s dos agentes da CIA, dum produto quГmico que cientistas SoviГ©ticos pareciam ter sintetizado. AlguГ©m na FBI tinha tido a intuição de deixar analisar aquelas ГЎguas e tinha-se descoberto o composto. Inutilmente contudo tinha-se procurado o laboratГіrio que o produzia. Tinha-se pois suspeitado que tivesse sido importado secretamente. Entretanto, os meios de comunicação social, preocupados Ainda mais os cidadГЈos, tinham-se questionado: trata-se duma operação de sabotagem da parte da UniГЈo SoviГ©tica? Ou, com a sua ajuda, dos norte. Vietnamitas? Em nome do chefe da URSS Leonid Il'iДЌ BreЕѕnev, o embaixador SoviГ©tico tinha avanГ§ado uma nota de duro protesto Г casa branca, acusando os Estados Unidos de ameaГ§adora calГєnia.
Finalmente livre, tinha-me conduzido Г saГda para apanhar um tГЎxi que me lavasse ao Plaza Hotel, onde os organizadores tinham reservado para mim um quarto.
Portanto ouvira a ser chamado por uma linda voz feminina. Era uma senhora em cima dos trinta anos, cabelos pretos asa de corvo, muito graciosa, que, Г minha esquerda, estava agitando uma breve subtil vara em cima com um cartГЈo branco com o meu nome e sobrenome escritos em vermelho.
“O poeta Velli, não é?” questionara-me aproximando-se e abaixando o letreiro.
Tinha parado: “em pessoa senhora...”
“Miniver: Norma Miniver. Fui mandada pela fundação Valente para vir ao seu encontro.” Tinha-me dado a mão, depois de ter passado o cartaz da direita para à esquerda. “Reconheci-o mal o vi. Sabe as fotos nos seus livros.”
Tinha tido o prazer. “Fala muito bem italiano”, tinha elogiado por minha vez no momento em que nos aproximГЎvamos Г saГda.
“Sou italo-americana.”
“... Mas o apelido...”
“É do meu marido. Aquele da minha famГlia Г© costante. Disse Miniver por habito. Na verdade”, tinha-se confidenciado sem embaraГ§o, “recuperarei o meu daqui a pouco: ja vivo sozinha e estou para legalizar o divorcio.”
Ao Plaza depois das formalidades da entrada, Norma tinha-me procedido com o porteur atГ© dentro da sala. Na porta, um cartaz em quatro lГnguas, mas nГЈo em italiano, advertia em letras maiГєsculas: NГѓO BEBER A ГЃGUA DAS INSTALAÇÕES SANITГЃRIAS. PODERIA CONTER SUBSTГѓNCIAS NOCIVAS.
“Estou à sua disposição como hostess durante todo o tempo da sua permanência”, tinha-me tranquilizado; “mas agora, penso que o senhor deseja somente refrescar-se e repousar. Ocupo o quarto aqui ao lado esquerdo, para qualquer eventualidade.”
Tinha-me questionado se, entre as eventualidades, estivessem também aquelas que, inesperadas, estavam-me subindo a partir do baixo-ventre até à garganta naquele momento. Tinha sido ela a dar gorjeta ao rapaz da mala. Hospitalidade completa, tinha pensado, e quem sabe se está incluso também o amparo afectivo a este hóspede só e perdido? Lhe tinha dito somente: “terei certamente necessidade de ajuda e... conforto.”
Tinha sorrido bruscamente, abaixando um momento os olhos como quem está confusa; depois tinha-se encaminhada, mas sem pressa, à porta. “O almoço é as 13 horas”, tinha-se despedido, “aqui perto, ao Cooling’s. Aproveitei para informá-la sobre o programa.”
O Cooling’s oferecia apenas comidas frias, sem sabor ou pior. Tinha pedido uma galantina de frango gomosa com desgostoso arroz, quase gelado, ao carril e um bolo da maçã lenhosa. Terei abandonado dentro dos pratos grande parte da comida. Norma tinha-se limitado num batido esverdeado que deveria ser de salutar, como tinha dito, duma tal consistência densa, lamacenta que, talvez, tinha o preciso foco de fazer passara fome ao austero freguês em dieta.
“A cerimonia será em Brooklyn, imagino”, lhe tinha questionado encarando inconscientemente o pitéu e depois que ela, já em poucos goles, tinha esvaziado com coragem o seu copo.
“NГЈo, a entrega de prГ©mios serГЎ no parque da vivenda Valente, fora da cidade. As primeiras duas edições sim foram em Brooklyn, nos anos ′40 e ′50, quando havia ainda muitГssimos italianos. Hoje o premio, de Brooklyn, tem somente o nome.”
Instintivamente tinha tocado ligeiramente com o dedo da mГЈo esquerda a unha do indicador da outra sua mГЈo, que estava colocada hГЎ um bom tempo no meio da mesa, ao lado do meu copo de (ГЎgua) mineral.
NГЈo tinha retirado.
No fim do almoГ§o, tinha-me proposto para dar uma volta pela cidade. NГЈo tГnhamos tarefas, de facto, atГ© Г s sete da noite. O primeiro encontro da minha estadia prГ©via, para aquela hora, um aperitivo no apartamento de nova Iorque de Mark Lines, o meu editor americano. Finalmente nos terГamos conhecido. Tinha famГlia mas nos teria recebido sozinho: trata-se dum pequeno sitio no Гєltimo andar que mantГ©m como base na cidade, onde vive com um criado: mulher e filhos habitam no campo, a umas quarenta milhas daqui, e com eles vГЄ-se nos fins-de-semana”, tinha-me explicado Norma. Tinha acrescentado que estariam como hospedes tambГ©m dois da famГlia Valente, irmГЈo e irmГЈ, e alguns outros poderosos da cidade: “nГЈo obstante os milhГµes de habitantes, as famГlias que contam realmente sГЈo poucas centenas e se conhecem quase todas entre elas.” Depois do aperitivo em casa do Lines, teria jantado com ele e a minha intГ©rprete num restaurante prГіximo de Manhattan; depois, liberdade para mim e para fazer o que preferia. A minha assistente tinha dois bilhetes para um concerto, se quisesse podГamos ter ido ou se nГЈo, cabia a mim de propor. A entrega do premio teria sido no dia seguinte, as 18. Gravata preta, mas dada ao intenso calor daqueles dias, directamente para vestir uma camiseta logo de imediato. Seguidamente, uma festa em minha honra, no parque da vivenda.
“Tomo eu o comando pela cidade, senhor Velli, ou tem algumas preferências?” tinha posto o motor a funcionar.
“Entretanto preferiria que me chamasse Ranieri; ou melhor, Ran, que é mais simples. Posso chamá-la Norma? Tinha tido o impulso de tocar-lhe ligeiramente a mão, que tinha pousado na mudança para as manobras, todavia tinha-me contido. Pelo contrario tinha-lhe observado por muito tempo o perfil.
Ela, sem reparar-me, tinha respondido: “está bem, tratemo-nos mesmo por tu.”
“Seria do meu agrado ver Brooklyn. O que achas?”
“Okay, Ran.”
VII (#ulink_4f7e5a0e-d06d-5e57-9a93-b622d1d21b3c)C (#ulink_4f7e5a0e-d06d-5e57-9a93-b622d1d21b3c)apГtulo (#ulink_4f7e5a0e-d06d-5e57-9a93-b622d1d21b3c)
EstГЎvamos enfim no regresso, quase no fundo de Brooklyn-Queens Expwy, ao longo dos cais e palas pontes.
“... e agora, onde queremos ir?” questionara-me Norma.
“Para comer uma alguma coisa boa.”
“Para comer? Te assaltou a fome?!”
“NГЈo toquei quase nada.” Tinha tido uma inspiração. Pegando-a vagamente, tinha arriscado: “se tu sabes dalguma cozinha disponГvel, poderia preparar eu alguma coisinha aceitavelmente agradГЎvel.”
“Sabes cozinhar? E gostas?” a sua voz sabia de surpresa e divertimento: “eu não gosto.”
“Eu gosto e, pelo menos, sei aquilo que consumo; mas onde podemos encontrar uma cozinha?” tinha-lhe tocado ligeiramente o braГ§o numa brevГssima carГcia.
“Na minha casa”, tinha sorrido.
Era uma pequena moradia no trigésimo quarto, junto de Herald Square, em Manhattan, no rés-do-chão duma casa antiga acabada de ser pintada de novo. Não era distante do hotel. Um lindo apartamento: a partir do átrio - sala, bastante amplo, com moveis em pluma de mogno estilo inglês do ′800 e dois pequenos sofás modernos contrapostos, pouco mais que poltronas, vislumbrava-se à esquerda, pela porta deixada aberta, a cómoda do quarto, Luigi XV; a entrada abria-se até ao fundo, por uma porta em arco, sobre uma linda cozinha, toda de madeira da nogueira. A casa de banho devia ser adjacente ao quarto.
“Vivo alugando”, tinha precisado Norma, “móveis inclusos. Até ao mês passado vivia no último andar do meu marido, aqui perto, Arnold tem também o ateliê.”
“Um atelier? O que é, um alfaiate?”
“Não”, tinha rido, “é Arnold Miniver, o pintor.”
“Nunca tinha ouvido falar dele: é famoso?”
“FamosГssimo!” tinha-se espantado: “vendeu tambГ©m na ItГЎlia; mas nГЈo o conhecia?!”
“Francamente não.” Tinha sido breve: “posso ir à cozinha?”
“Oh... porque não, estamos aqui exactamente, não é verdade?” a expressão indicava um pensamento bem diferente.
Na verdade tinha pensado, a um certo ponto de abandonar a ideia do almoГ§o e dedicar-me logo ao galanteio, mas a fome era tal e, no fim de contas, aquele adiamento podia ser uma boa tГЎctica para aumentar o seu interesse para mim; com a condição que eu lhe mostrasse logo o meu. Ao ultrapassГЎ-la, tinha-lhe deixado percorrer uma subtilГssima carГcia nas costas.
Na dispensa não tinha muita coisa. Tinha improvisado com aquele pouco, carne crua cortada fina, pepinos em vinagre, iogurte, salsa congelada, tomates; e tinha-me aprestado para preparar quatro deliciosos escalpes. Tinha picado delgadamente os pepinos misturando-os depois com iogurte numa tigela, com um pouco de sal e um pouco de salsa que tinha antes descongelado um instante no fogo. Tinha deixado pousar de novo. No entanto tinha colocado ao fogo uma espessa frigideira anti-aderente, sobre uma viva chama, colocando um pedaço de papel branco. Quando tinha ficado acinzentado nos pontos em contacto com o fundo, tinha tirado o papel e estendido a carne na frigideira. Sempre na chama alta, tinha cozido por uns quatro minutos, dois para cada lado dos pequenos bifes, até que se tinha formado nos ambos uma pequena crosta morena. Tinha posto sal e servido em dois pratos, cobrindo a carne com um molho frio. Alguns tomates em rodelas para acompanhamento e adorno.
Uma bondade rapidГssima!
Norma, mesmo em dieta, tinha comido toda a sua porção, satisfeita. Sim, também as mulheres podem conquistar-se desta forma, tomando-a pela gula.
Não sabia que, talvez justamente naquele momento, alguém qualquer estava preparando-se para pôr-me o baraço na garganta, com uma bebida; e com um objectivo bem diferente.
VIII (#ulink_4f7e5a0e-d06d-5e57-9a93-b622d1d21b3c)C (#ulink_4f7e5a0e-d06d-5e57-9a93-b622d1d21b3c)apГtulo (#ulink_4f7e5a0e-d06d-5e57-9a93-b622d1d21b3c)
Tinha-se permanecido na intimidade atГ© quase Г hora do aperitivo.
Para o meu espГrito nГЈo teria sido uma simples aventura de viagem. Voltando para o hotel com Norma, tinha comeГ§ado a percebГЄ-lo.
Tinha jГЎ feito o duche em casa dela e ao Plaza tinha mudado num instante; mas tГnhamos chegado na mesma em casa de Lines com meia hora de atraso, por Гєltimo: “EstГЎ bem assim”, tinha sussurrado ela para mim, um pouco antes de entrar, vendo que reparava o relГіgio, “és o hГіspede de honra.”
Talvez não ficava muito bem para o dono da casa que, mal o criado, um mulato dos seus sessenta anos de aspecto frágil, nos tinha introduzido, tinha deixado escapar um sorridente “oh, finalmente!” mas de imediato tinha-se corrigido: “estávamos todos impacientes de conhecê-lo pessoalmente, senhor Velli!” e, depois de ter-me apertado a mão, dirigindo-se aos presentes, tinha aplaudido para mim. Os outros tinham-se unido.
O editor parecia ter por aГ cinquenta anos, cabelos bastos grisalhos mantidos incultos, altura mГ©dia e magrГssimo; mas forte: o aperto da mГЈo tinha sido potente.
Г‰ramos uma vintena. Os hГіspedes mais importantes, como tinha percebido pela atitude de maior respeito do Lines e melhor teria tido conhecimento atravГ©s da Norma, eram oito: 0s irmГЈos Albert e Elizabeth Valente, ambos em cima dos quarenta anos, bilionГЎrios em dГіlares, ele patrono do premio em nome do falecido pai poeta amador que tinha vivido durante dГ©cadas na fama de padrinho mafioso mas, quando morrera, tinha enfim conquistado a batina do honesto financeiro: Peter Capponi, grande importador dos seus quarenta anos, e a sua mulher Angela, em cima dos trinta anos, Гєnica mulher presente toda ornada de jГіias; um certo Vito Valloni, gordo barbudo de pГЄlo branco na cabeГ§a com uma envelhecida cabeleira postiГ§a em porco-espinho que o tornava ridГculo, homem com altura media, para alГ©m dos sessenta, proprietГЎrio de grandes armazГ©ns e lojas, emitentes televisivos e jornais em vГЎrios estados; o reservado general Reginald Huppert, chefe da policia de New York, com a mulher Liza, bastante jovem do que ele, em cima dos trinta e cinco anos, meia irmГЈ do Lines: muito linda; Anne Montgomery, viГєva, a mais rica mulher da AmГ©rica, por aГ com cinquenta e cinco anos; o seu filho Donald, de aspecto insignificante, nГЈo muito alto, cabelos morenos, que demonstrava ter por aГ trinta anos; e o seu administrador e consultor financeiro John Crispy, mais ou menos dos seus sessenta anos.
“Entretanto idealista, aquele Donald Montgomery”, tinha-me dito Norma depois que tГnhamos saГdo nГіs os dois no terraГ§o: “É o herdeiro duma colossal fortuna mas, depois da licenciatura em direito que a mГЈe lhe aconselhou fazer para que melhor cuidasse os seus interesses, entrou como financeiro na FBI: incrГvel, nГЈo Г©?”
“Podia talvez ter escolhido melhor.”
“É o que penso eu tambГ©m. Seja como for os negГіcios da famГlia continuam a ser totalmente dirigidos, por detrГЎs da percentagem, por John Crispy.” Tinha-o indicado com um breve movimento da cabeГ§a: naquele momento o homem, sentado numa esquina logo no interior, estava absorvido em sorver tudo numa Гєnica mistura e a comer azeitonas: “nГЈo deixar-te enganar pela aparГЄncia: chamam-no CaimГЈo de Wall street. Trabalha como um louco ficando sГіbrio todo o dia, depois lГЎ por volta desta hora comeГ§a a relaxar-se bebendo Г brava.
Não sei como faz mas não se embebeda por acaso.”
Tinha continuado a bisbilhotar tocando outros presentes.
Tinha-me questionado, como Norma, simples funcionária da fundação, pudesse saber todas aquelas coisas. Talvez tramite o marido. Precisa resposta tinha chegado depois dalguns minutos.
Enquanto entrava-se de novo, tinha-se aproximado ágil Liza Huppert, a mulher do general, que pegando-me pelo braço tinha-me distanciado da Norma e encaminhado quase a força, à mesa das bebidas.
Ela sendo parente do dono da casa, tinha-a seguido dГіcil.
“Norma é boa assistente, senhor Velli?” tinha-me questionado num italiano rudimentar: “já mostrado cidade?”
Tinha anuГdo com a cabeГ§a mecanicamente: “pode falar na sua lГngua, senhora Huppert: conheГ§o bem o anglo-americano. Sim, Norma Miniver Г© para mim utilГssima, na verdade.”
Sei lГЎ com que rosto o tinha dito? Sei que a mulher tinha saГdo com um sorriso nГЈo bom; e, com enorme mГЎ educação: “atento, doce porta! NГЈo serГЎ por ventura que vocГЄs os dois…”
“Não”, tinha desmentido secamente: “é para mim de valido apoio, tudo aqui”. Tinha-a reparado fixamente, com repreensão: como ousava?!
“Ah”, tinha parecido regozijar-se, sem mostrar de ter notado a minha expressГЈo e expirado sonoramente aquele ah; depois tinha-me colocado com ambas as mГЈos um dos cГЎlices da mesa, o Гєnico que tivesse uma bebida verde que cheirava menta e rosmaninho; e tinha-me segurado o copo e a mГЈo direita entre as suas, por um pouco, com a evidente intenção de aproximação. Portanto, pegada por si uma taГ§a cheia de rosГ© tinha-a esvaziado num Гєnico gole. “Eh sim, pobre rapariga, nГЈo teve a sorte!” tinha retomado a dizer arvorando-se o rosto a uma ambГgua comoção sem saber esconder o prГіprio sadismo.
Tinha-me desapontado e tinha percebido de estar enfim apaixonado por Norma. Tinha estado ali para afastar-me mas tambГ©m desta vez nГЈo quisera ofender, na Liza, seu irmГЈo Mark. Tinha contudo lanГ§ado uma olhadela instintiva a que nГЈo muito distante, estava a falar com um dos convidados. A senhora Huppert tinha seguido o meu olhar e, sorrindo amplamente e comeГ§ando a apertar-me forte a mГЈo livre do copo, tinha dito: “sim, coitada: o anterior marido era muito rico, mas depois de poucos anos do casamento tinha terminado em ruГna e suicГdio. GraГ§a aos amigos Valente, lhe tinha sido dado uma colocação na fundação; e melhor para ela que quis conservГЎ-lo mesmo depois do novo casamento.” Eu mantinha-me calado. ImperturbГЎvel, sem quase tomar fГґlego, tinha acrescentado: “possГvel que nГЈo tivesse descoberto, pobre ganso, as tendГЄncias do marido? Contudo parece realmente que nГЈo tivesse sabido durante um certo tempo, atГ© quando um dia, apresentando-se inesperadamente no seu ateliГЄ, famoso descuidado aquele pintor porГ©m, o seu apartamento estГЎ precisamente no mesmo andar! EntГЈo Norma tinha surpreendido o maridinho nu abraГ§ado aos seus modelos: um bissexual, lhe digo mas com um pГ© na cova!
”
Irritado por aquela companhia, tinha pousado o copo, sem ter bebido, e esforçando-me tinha sorrido: “desculpe.”
Distanciando-me, tinha notado que Caimão Crispy aproximava-se à mesa e, começando a conversar com Liza, sem saber que fosse o meu copo pegava-o e começava a beber aos goles o liquido verde.
Aproximou-se para comigo o Lines: “queria falar com o senhor. Vamos ali, por favor.”
Deixara-me acomodar sobre uma poltrona do seu gabinete de trabalho domestico, apinhado de livros e manuscritos que sufocavam a pequena escrivaninha Carlo X cujo estava sentado e extravasava pelas duas livrarias estilo impГ©rio: “muitas vezes trabalho aqui ao invГ©s do escritГіrio. Para os outros gГ©neros nГЈo, mas a poesia prefiro lГЄ-la primeiro eu; e aqui posso saboreГЎ-la mais tranquilamente. Eu tambГ©m publiquei alguns livros de versos e, conhecendo bastante bem sete lГnguas, incluso o italiano, posso avaliar em original textos estrangeiros.”
Tinha sorrido complacente.
Конец ознакомительного фрагмента.
Текст предоставлен ООО «ЛитРес».
Прочитайте эту книгу целиком, купив полную легальную версию (https://www.litres.ru/pages/biblio_book/?art=57158366) на ЛитРес.
Безопасно оплатить книгу можно банковской картой Visa, MasterCard, Maestro, со счета мобильного телефона, с платежного терминала, в салоне МТС или Связной, через PayPal, WebMoney, Яндекс.Деньги, QIWI Кошелек, бонусными картами или другим удобным Вам способом.
Если текст книги отсутствует, перейдите по ссылке
Возможные причины отсутствия книги:
1. Книга снята с продаж по просьбе правообладателя
2. Книга ещё не поступила в продажу и пока недоступна для чтения